"Antes de mudar o mundo, mudar a gente. Ajuda pra caramba..." (Renato Russo)

domingo, 13 de abril de 2008

A Paranóia do Cotidiano Vazio


Antes dos comentários, acho pertinente expor o motivo que me levou a escolher a 4º cena. E o motivo pode ser exposto em apenas uma palavra: Lamento.

Todas as cenas mostradas, inclusive às mais caricatas, mostram uma verdade flagrante no nosso atual contexto social, embora pareçam paradoxos. Justamente por esta razão chegam a ponto de serem hilárias. No entanto, a 4º cena – a jovem cheia de complexos e totalmente fútil – não me pareceu uma realidade paradoxal, mas um triste retrato de desconstrução humana. Um retrato mal pintado que decora as paredes de praticamente todos os lugares, inclusive daqueles que, em absoluto, prezam pela construção e organização das idéias, caso dos Campus Universitários, por exemplo.

A interpretação digna de nota dos atores envolvidos na cena dá luz a um caso de futilidade extrema. A personagem sofre de uma doença atual que afeta vários jovens da sociedade, principalmente dos de classe média alta, no Brasil, principalmente das regiões Sul e Sudeste: a síndrome da futilidade. Uma doença fabricada principalmente pela mídia e pelo mercado.

A situação apresenta um quadro bastante agravado da dia síndrome. A personagem se afundou em um mar de complexos e auto-críticas que a encaminham para a insanidade. Se a insanidade beirada pela personagem já é flagrante e, sabemos, não se trata de uma situação meramente fictícia, acho prudente refletirmos sobre o que ou quem poderia ter contribuído para que jovens como ela sejam contaminados por este mal.

Já foram supracitados a mídia e o mercado como agentes contribuintes para a síndrome. A mídia devido ao bombardeio de padrões a que nos vitima a cada filme, seriado, telenovelas, etc. E o mercado justamente por estar antenado a isso. Na verdade, penso, o mercado e a mídia neste caso agem em simbiose. A primeira, impondo. O segundo, oferecendo.

Porém, e acredito estar certo quando afirmo, trata-se de comodismo e demagogia condenar a mídia e o mercado como os únicos culpados. Os “pintores”. Um dos grandes vilões por trás da síndrome da futilidade, principalmente no Brasil, é a própria instituição escolar. Precária, a escola não oferece, em absoluto, subsídios necessários para a construção de uma consciência crítica diante dos padrões impostos pela sociedade. Aliás, não é negligente dizer que muitas vezes os próprios professores, em instância, também vítimas dos padrões, impõem os mesmos aos seus alunos. Talvez não conscientemente. São como hospedeiros que passam a doença adiante sem idéia de que o faça.

Claro que se a síndrome da futilidade é uma doença social que afeta diretamente os indivíduos nela inseridos, a própria sociedade também é responsável pelo quadro. Ora, muitos são os padrões impostos por ela e destes muitos, vários se contradizem. “O Homem não deveria permitir que uma mulher pague uma conta de restaurante / Não dever-se-ia ter, em pleno século XXI, nenhuma demonstração de superioridade entre sexo, raça e credo.”

Para os intelectuais, grupo no qual todos os universitários deveriam se incluir, embora muitas vezes não o façam, estas dicotomias devem ser analisadas a fim de se retirar o que realmente é pertinente para vivência harmoniosa consigo mesmo e com o próximo. O problema é quando a preocupação com padrões superficiais se exacerba a ponto de superar padrões morais e éticos. Uma vez nesta situação, a vítima se adoece e sofre de contradições internas que, como dito anteriormente, a levam a beirar a insanidade. A personagem é um ótimo exemplo porque nos revela um quadro de distorção interna. Ela já não mais se aceita justamente porque todas as opiniões e comentários a ela direcionados atingem um padrão social que ela não soube trabalhar. Ela é digna de pena porque ela não é mais um individuo inserido na sociedade, mas um fractal da mesma. Uma peça que se encaixa perfeitamente em um quebra-cabeça bizarro, onde várias peças opostas se unem formando uma figura de impossível assimilação. Portanto, tentar se enquadrar aos padrões sociais impostos, sem filtrá-los, seja por comodismo ou por ignorância, também garante ao individuo uma parcela da culpa. Uma pincelada no quadro.

Em última análise, a cena é um quadro muito bem pintado. Embora sua representação seja triste, por ser bizarra. Tentar se inserir no contexto social negligenciando suas particularidades como individuo faz com que um ser humano se anule, se torna fútil por ser superficial. Não é mais uma parte da pintura, mas um pigmento de tinta. Um nada a mais a constituir o todo.

Igor André Pereira dos Santos

Foto: Britney Spears expondo sua intimidade



1 Comentário:

Mari(ana) disse...

Menino!
O q aconteceu contigo? O_O
Q fome é essa de escrever!??
rs
Pois é... titia Britney é um belo de exemplo de como a futilidade é algo completamente viciante!
E a mídia q poderia ser uma ótima combatente a esse tóxico,simplesmente o divulga como se fosse a coisa mais natural. Afinal, a procura é gigantesca, e os meios de comunicação atendem.
Mas como chegou-se a esse ponto? Onde mostrar a intimidade tornou-se um meio de conseguir atenção,dinheiro?!
... Dinheiro... está aí a "palavrinha mágica". Td ficou do jeito q está por conta de dinheiro! ...diga-me se é loucura minha escrever isso, mas as revistas de melhor conteúdo , quanto custam? R$7...R$9...?
E as de "futilidades"... R$1,99?? ou até menos!
Claro q isso não justifica.Afinal temos as revistas caras q são especializadas em futilidades "chics"! Em papel nobre e grandes ilustrações! Onde vc ganha brinde elegantes caso compre a revista.
Enquanto a revista das marias entrega um livreto de receita.
São paradoxos, mas creio q não estou ficando louca. É uma grande bola de neve...onde estão anexadas pedras,galhos q "ajudam" nessa avalhance de informação de me***!
A facilidade de informção acabou banalizando a mesma.E isso ,se reflete na nossa querida jovem perdida da foto!E em tantos outros jovens q perdido em meio sua formação pessoal... não tem a menor noção daquilo q realmente é válido entrar em suas cabeças , e muito daquilo q sae delas!

Abraços!
Mariana

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