Enfim, Geyse Arruda
Já faz algumas semanas desde que ouvi pela primeira vez algo sobre o acontecido na Uniban e...o que? Você não ouviu nada sobre o assunto? Por onde andava?
Bem, resumindo muito rapidamente: uma menina chamada Geyse decidiu ir com uma roupa provocante à universidade e teve de sair escoltada pela polícia enquanto uma parte dos alunos a chamava de “puta”. Desde então o caso passou a ser o assunto preferido da mídia brasileira desde a Gripe Suína.
Pois bem. Até agora acompanhei calado todo o frisson causado pela polêmica.
Até agora.
Então, vamos por partes.
Primeiro: não acho que tenha absolutamente nada de errado com o vestido rosa mais famoso do Brasil. Pelo contrário, já vi muitos mais curtos em minha própria universidade;
Segundo: achei errada decisão da Uniban de expulsar Geyse e mais errada ainda a de voltar atrás da mesma antes do processo judicial. Pode até não ter sido o principal motivo, mas a pressão da imprensa fomentando todos os protestos foi determinante para a decisão de voltar atrás na expulsão, o que, em última análise, denota uma fraqueza inerente à direção da instituição.
Terceiro: acredito piamente que a imprensa em geral, consciente ou inconscientemente, enfatizou erroneamente um aspecto da situação, ignorando outros aspectos relevantes para o maior entendimento do caso. E é aqui o “x” da questão.
Veja bem. Tudo começou com um vídeo onde uma garota até então desconhecida (mais que agora figura nos principais programas da TV aberta) sai da universidade escoltada por policias sob o escrutínio acintoso de alguns alunos.
Desde então toda uma sorte de especulações desfilaram por aí. Mas o que temos de mais concreto é: a maioria das pessoas acharam a situação um tributo ao machismo e ao moralismo inerente ao país mesmo em pleno século XXI, colocando Geyse numa posição inquestionável de vítima.
Aqui duas coisas: uma é que eu sei que nem todos compartilham da opinião pública e, no mínimo, questionam à posição que coube a aluna; outra é que eu tenho plena consciência de que eu não sei e provavelmente não saberei o que realmente aconteceu naquele dia fatídico. No entanto, eu definitivamente me recuso a acreditar que um grupo consideravelmente grande de jovens (mesmo que em sua maioria sejam gaiatos que aproveitaram da situação pra fazer baderna) tenham tido o ímpeto de xingar de puta uma colega universitária SOMENTE por causa do tamanho do seu vestido. Esta pra mim é uma conclusão tão óbvia que valeria, pelo menos, o benefício da dúvida por parte da imprensa. Mas todos sabemos que não foi exatamente isso que aconteceu...
Eu não irei aqui, como a imprensa, especular uma possível “verdade” sobre o caso. Você deve estar se perguntado então por que diabos eu toquei nesse assunto. Confesso que realmente não planejava até ver as fotos do Orkut de Geyse.
Vale ressaltar que não mudei de opinião sobre o caso depois que vi as fotos, mas elas me fizeram achar importante levar a público que eu definitivamente não acho que Geyse seja merecedora de todos esses holofotes e MUITO MENOS a posição de VÍTIMA de uma sociedade hipócrita e pseudo-conservadora que ovaciona uma bunda nua e semi-analfabeta no Carnaval e chama de puta uma universitária por causa de seu vestido curto no meio do ano.
Viu as fotos? E você, o que acha?
I.A.