"Antes de mudar o mundo, mudar a gente. Ajuda pra caramba..." (Renato Russo)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Enfim, Geyse Arruda

Já faz algumas semanas desde que ouvi pela primeira vez algo sobre o acontecido na Uniban e...o que? Você não ouviu nada sobre o assunto? Por onde andava?

Bem, resumindo muito rapidamente: uma menina chamada Geyse decidiu ir com uma roupa provocante à universidade e teve de sair escoltada pela polícia enquanto uma parte dos alunos a chamava de “puta”. Desde então o caso passou a ser o assunto preferido da mídia brasileira desde a Gripe Suína.

Pois bem. Até agora acompanhei calado todo o frisson causado pela polêmica.

Até agora.


Então, vamos por partes.

Primeiro: não acho que tenha absolutamente nada de errado com o vestido rosa mais famoso do Brasil. Pelo contrário, já vi muitos mais curtos em minha própria universidade;

Segundo: achei errada decisão da Uniban de expulsar Geyse e mais errada ainda a de voltar atrás da mesma antes do processo judicial. Pode até não ter sido o principal motivo, mas a pressão da imprensa fomentando todos os protestos foi determinante para a decisão de voltar atrás na expulsão, o que, em última análise, denota uma fraqueza inerente à direção da instituição.

Terceiro: acredito piamente que a imprensa em geral, consciente ou inconscientemente, enfatizou erroneamente um aspecto da situação, ignorando outros aspectos relevantes para o maior entendimento do caso. E é aqui o “x” da questão.

Veja bem. Tudo começou com um vídeo onde uma garota até então desconhecida (mais que agora figura nos principais programas da TV aberta) sai da universidade escoltada por policias sob o escrutínio acintoso de alguns alunos.

Desde então toda uma sorte de especulações desfilaram por aí. Mas o que temos de mais concreto é: a maioria das pessoas acharam a situação um tributo ao machismo e ao moralismo inerente ao país mesmo em pleno século XXI, colocando Geyse numa posição inquestionável de vítima.

Aqui duas coisas: uma é que eu sei que nem todos compartilham da opinião pública e, no mínimo, questionam à posição que coube a aluna; outra é que eu tenho plena consciência de que eu não sei e provavelmente não saberei o que realmente aconteceu naquele dia fatídico. No entanto, eu definitivamente me recuso a acreditar que um grupo consideravelmente grande de jovens (mesmo que em sua maioria sejam gaiatos que aproveitaram da situação pra fazer baderna) tenham tido o ímpeto de xingar de puta uma colega universitária SOMENTE por causa do tamanho do seu vestido. Esta pra mim é uma conclusão tão óbvia que valeria, pelo menos, o benefício da dúvida por parte da imprensa. Mas todos sabemos que não foi exatamente isso que aconteceu...

Eu não irei aqui, como a imprensa, especular uma possível “verdade” sobre o caso. Você deve estar se perguntado então por que diabos eu toquei nesse assunto. Confesso que realmente não planejava até ver as fotos do Orkut de Geyse.

Vale ressaltar que não mudei de opinião sobre o caso depois que vi as fotos, mas elas me fizeram achar importante levar a público que eu definitivamente não acho que Geyse seja merecedora de todos esses holofotes e MUITO MENOS a posição de VÍTIMA de uma sociedade hipócrita e pseudo-conservadora que ovaciona uma bunda nua e semi-analfabeta no Carnaval e chama de puta uma universitária por causa de seu vestido curto no meio do ano.

Viu as fotos? E você, o que acha?

I.A.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Traição: uma questão de Valores

Alguns dias atrás vi no Divã Rosa Choque um caso que provavelmente não lhe deve ser totalmente estranho: uma menina estava se sentindo sufocada em seu relacionamento e pedia ajuda sobre como agir com a insegurança do namorado. No entanto, ela dizia, a cobrança começou depois que o rapaz descobriu que ela havia pulado a cerca.

Falemos, pois, sobre o assunto que eu sempre quis evitar falar mais profundamente aqui no Ordem: até onde se pode (e se pode) perdoar uma traição?


Uma vez eu disse aqui que faltava na maioria das pessoas o reconhecimento de que certos valores mudaram nos últimos tempos e que cabia a nós nos adequarmos a tais mudanças sem necessariamente passar por cima dos nossos próprios valores.

E é exatamente aqui que se encontra a chave pra toda a nossa conversa: os valores.

Você já se perguntou quais são seus próprios valores?

Muitos de nós talvez não sejamos capazes de perdoar uma traição por causa da vergonha, do orgulho ferido, do medo das pessoas apontarem e comentarem, de ser conhecido como o famoso “Corno Manso”. Isso já está tão injetado em nossos subconscientes que possivelmente nem temos consciência de que, no fundo, muitas vezes, seja SOMENTE por esses fatores que não perdoamos uma traição.

Fenômenos interessantes podem ser observados a partir da premissa supracitada: uns pagam na mesma moeda; outros não perdoam e sofrem por isso; outros perdoam, mas deixam de confiar (como o rapaz do caso do Divã); poucos perdoam e superam; menos ainda perdoam, mas se afastam por ter consciência de que o relacionamento, depois do fato, dificilmente voltará a ser o mesmo.

Enfim, podem, é claro, haver variações, mas em geral as atitudes da “vítima” giram mesmo em torno das citadas. Acredito que uma atitude não é mais “correta” que outra, porém, te convido a ponderar um pouco mais sobre algumas delas.

Por exemplo, no caso apresentado, a menina se dizia arrependida e por isso julgava não ser necessária uma cobrança tão grande da parte dele. Um caso clássico de insegurança pós-trauma: o cara ainda gosta, por isso perdoa. Mas ao invés de desencanar e vestir a peruca de touro fica cobrando exatamente para instituir sua moral perante a sociedade. Me corrija se eu estiver errado, mas pra mim é como se ele dissesse “ela disse que estava arrependida, então eu absolvo porque sei que errar é humano e mimimi, mas ai dela se pisar na bola novamente” ao invés de “foda-se eu gosto dela e este corno não foi suficiente para acabar com o sentimento, por isso perdoei. Mas não sei como será se acontecer uma próxima vez”. Esta última, uma atitude que julgo muito mais consciente e honesta com ele mesmo e com a menina. Pro inferno o que os outros vão dizer!!

Sinceramente, no caso, acredito que o futuro do jovem casal não é muito promissor. Afinal, por insegurança se cobra e vacila e, por incrível que pareça, ainda se torna mais submisso. Por arrependimento se aceita, por um tempo, a submissão, a cobrança e até a traição. Por um tempo...

Como disse lá em cima, diante de um caso de traição, não existe uma atitude mais correta que outra. Da mesma forma, não considero correto tomar uma atitude com base no que terceiros vão dizer, mesmo que as vozes desses terceiros se confundam com a sua própria voz durante um discurso que podem muito bem contrariar seus verdadeiros sentimentos. Por isso, nessas horas de peso na cabeça difíceis, honestidade sempre. Consigo, principalmente.

Pense nisso!

I.A.

Veja aqui os detalhes do caso apresentado no post.

Eu?

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