"Antes de mudar o mundo, mudar a gente. Ajuda pra caramba..." (Renato Russo)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Não foi apenas um muro quebrado...


Hoya!!!

Hoje passei por uma situação que me arremeteu aos 15 anos de idade. Época do ensino médio. Época onde a grande maioria dos jovens cria os primeiros esboços do que serão para o resto de suas vidas.

Foram três anos da minha vida tão bem vividos que não esquento de parecer um tiozão quando digo para a moçada aproveitar esta época que será, em muitos aspectos, a melhor de suas vidas.

Foi no ensino médio que conheci vários de meus amigos mais chegados (alguns poucos mais que isso). Enfrentei minhas maiores decepções; daquelas que esmagam pra fazer crescer e enfraquecem pra fortalecer. E aprendi que círculo de debate numa aula de geografia pode acabar com a vida de um homem se ele não for o filho da mãe mais sortudo do mundo.

Talvez dez anos não seja tempo demais. Porque hoje viajei no tempo e contemplei , do outro lado do muro, o tolo pensamento revolucionário de outrora. A vontade de mudar o mundo era genuína. O pensamento sobre como fazê-lo é que era inocente e, portanto, facilmente influenciável por mentes tão inteligentes quanto maquiavélicas. Maldosas por usar o fôlego jovem e honesto como combustível inflamável de suas intrigas imediatistas e céticas de grandes mudanças. O velho paradoxo do Passado usando a possibilidade real de mudança futura para fomentá-lo; enraizado na filosofia equivocada de que “tudo poderia ser diferente / lamentável que nunca será / Mas devemos continuar tentando”.

Mais lamentável, no entanto, é que, na realidade, não mudou quase nada. Hoje vi jovens na mesma situação que há muito me via. Mentes revolucionárias desperdiçadas. Peões de xadrez desacreditados por ainda não possuírem a capacidade de argumentação na qual demanda a verdadeira mudança. E que por isso, dificilmente, infelizmente, conseguirão mudar o quadro.

A triste nostalgia me levou a textos antigos. Textos que explicitam este fôlego para construir algo realmente novo. Textos belos, por inocentes. Textos jovens. Textos como esse:

Eu quero serrar as grades do presídio.
Botar pra fora os miseráveis que chamaram de bandidos
Deixe que eu fume a droga da justiça,
E tragarei vingança, expelindo ressentimento.

E se a Justiça aqui é feita à bala
Vou balear as entranhas da Justiça.
Lutando pela porra de um país fudido
E não pela bandeira de um partido

Alem de tudo, não quero gritar no escuro
E talvez um dia ser lembrado como um cara que falou.
Quero botar minha caneta em punho
E ser lembrado como um cara que fez
Tão Pouco...mas suficiente.

E lembrarão que somos gente
Que os jovens falam, fazem e sentem.
Criticamos e lutamos
Temos sangue quente nas veias.
E por este sangue que ferve ao se clamar por igualdade
Não iremos nos calar.
Mesmo sem saber ao certo se iremos alcançar...

Trecho tirado do poema “Eterno embate juvenil”, escrito por mim por volta de 2000.

Até Breve (eu espero)

1 Comentário:

Beta disse...

"(...) Enfrentei minhas maiores decepções; daquelas que esmagam pra fazer crescer e enfraquecem pra fortalecer."

Eu adoro a profundidade das suas palavras, e quero ser como você quando eu crescer, é sério.

Na verdade, eu sempre quis. E nunca escondi tamanha admiração. Por que vc acha, afinal, que eu não me importava de ser a única "menina" do grupo? Porque eu procurava estar sempre perto de vocês até nos tornarmos - quase todos - amigos inseparáveis?

Vocês salvaram a minha alma naquela época. Me livraram de ser mais uma adolescente alienada, burra e chata.

E você, com suas idéias revolucionárias, sua revolta com as coisas erradas do mundo, sua sinceridade e transparência desmedidas - e únicas - com a sua Legião Urbana, você sempre foi o mais empolgado de todos, o mais entusiasmado, intenso. Foi o choro mais sincero, a gargalhada mais alegre, a palavra mais marcante...

Aquela foi, senão a época mais feliz da minha vida, com certeza, uma das mais felizes. E, felizmente, não posso dizer "se eu soubesse teria aproveitado melhor...". Eu vivi tudo, assim como você, e o restante do nosso "clã", o polêmico grupo do "PCC"... rsrsrs

Sob a ótica do seu texto é uma nostalgia triste, realmente. Uma década se passou, e jovens mentes brilhantes continuam sendo disperdiçadas, é lamentável.

Contudo, seu texto também me causou uma sensação nostálgica maravilhosa. Talvez porque eu tenha participado de tudo o que vc descreveu, mas, principalmente, porque foi muuuuuuito bom relembrar cada sonho, cada trabalho criativo que fazíamos,cada poesia, cada momento divertido, ou cada momento triste compartilhado, cada segredo contado, cada gesto de amizade...

Não, não foi apenas um muro quebrado - literalmente.

Eu?

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