"Antes de mudar o mundo, mudar a gente. Ajuda pra caramba..." (Renato Russo)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Cultura Inútil


Aê!!!

Uma breve história...

1999, Ensino Médio.

Uma professora de literatura cujo nome não vou lembrar, embora não fosse necessário dizer mesmo que lembrasse, tentou fazer uma espécie de “Programa de Incentivo a Leitura”. O projeto consistia basicamente em ler algumas das obras clássicas da literatura brasileira e fazer uma resenha da mesma. Hoje sabemos que ninguém precisaria ler coisa nenhuma para fazer as tais resenhas em três minutos, mas, na época, Internet era um luxo para poucos e eu acabei deixando de entregar uma das resenhas porque estava ocupado demais lendo A Divina Comédia.
Conclusão: acabei tendo um decréscimo na nota final por não apresentar o trabalho. Nada mais justo. Será?

Vejamos.

A juventude brasileira é uma das que menos lê no mundo. Com certeza você já ouviu isso pelo menos uma vez. Por outro lado, se não me engano, somos o 5° país que mais acessa a Internet e os jovens (de 15 à 24 anos – isso na época da minha monografia, há três anos atrás) são responsáveis por cerca de 80% desses acessos. Será que o dito cujo que afirmou que os jovens brasileiros não lêem já parou pra pensar em como é a dinâmica de navegação na Rede?
Ouso dizer, parafraseando um professor de Sociologia, que todo mundo gosta de ler e apenas não sabe disso. Ora, é provável que 11 entre 10 adolescentes afirmem que não gostam de ler, mas provavelmente sabem o que vai acontecer no próximo capítulo da Malhação. Como que descobriram isso?

Talvez o que estejam oferecendo como “leitura obrigatória” não seja o que os jovens queiram ler, ou ainda, talvez essas leituras estejam por demais distantes da realidade vivida por eles.

Ah, meu caro jovem que não sabe o que está falando, você está querendo dizer que saber o que acontecerá no próximo capítulo da novela tem o mesmo peso cultural do que ler as grandes obras?

Não, longe disso. Estou querendo dizer que existem grandes obras que “falam nossa lingua” que não coincidem com o que somos obrigados a ler. E que talvez aquilo considerado clássico nem seja tão bom assim. Quatro exemplos de histórias interessantes.

* Uma mulher bem casada, da alta sociedade carioca, vive em conflito consigo mesmo ao admitir que tem como fetiche transar com desconhecidos que encontra em coletivos;

* Um grupo revolucionário luta para derrubar um governo tirano do poder;

* Um homem vê sua vida arruinar-se na medida em que não consegue chegar à conclusão de que sua amada é ou não uma adultera mediante as suas atitudes;

* Um guerrilheiro jurou nunca mais tirar uma vida, mas recusa-se a para de lutar enquanto a verdadeira reforma não for concluída;

Não é necessário revelar de quais obras são os enredos apresentados, mas digo que alguns são de obras consagras da literatura e outros nem tanto. O leitor irá decidir com quais histórias mais se identifica. Como já posso imaginar a opinião da maioria, posso me antecipar e concluir que o Brasil é sim, um país que Lê. E o fato de não termos “bagagem cultural” e não sabermos escrever ou interpretar um texto, possivelmente se deva aos próprios textos ou ao que se chama de "Cultura", pois quem me dera ter lido “Lá e de volta outra vez” ao “Por que essa boca tão grande, vovozinha?” na escola quando moleque...

É isso aê...

2 Comentários:

Anna Oh! disse...

Hummm, interessante a reflexão. Pq eu já fui bem crica em relação a essas leituras fáceis, senso comum e tals. Mas sabe, é fácil escrever pra poucos e privilegiar uma elite. Difícil é escrever pra q as grandes massas compreendam, gente que às vezes não teve mesmo condições de aprender a entender um texto. O rebruscado não deveria ser jogado goela abaixo, mas considerado algo livre, sem maiores imposições.

Bjussssssss

Mari(ana) disse...

Pois é... e aqui estou eu,uma jovem lendo algo que não é nada tradicional ou obrigatório, mas que é deveras interessante!
Sim, lemos! O problema é selecionar o que se lê! Apesar que ler só por ler já aumenta o nosso vocabulário, mas também é interessante escolher algumas coisas diferenciadas para expandir seus conhecimentos!

Abraços!

Eu?

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